Pela primeira vez estive presente na avaliação final de um "Conselho de Turma". Sem entrar em consideração na postura dos colegas presentes nas várias reuniões, uma característica quase comum veio à superfície: o da benevolência! Mesmo eu, que longe de ser um "mãos largas", quando solicitado a emitir parecer face aos casos mais periclitantes, encontrei-me embuído desse mesmo espírito. Pontualmente, lá ía aparecendo uma voz discordante face à maré displicente de alguns dos docentes, mas (in)justamente marcada tão somente pelos indicadores de comportamento.
Mas então, e a exigência e o rigor? E... o premiar o mérito e penalizar o demérito?
Esta "onda" condescendente é porventura a marca de todo um sistema de ensino, que paulatinamente fenece. Os nossos padrões de exigência estão a diminuir. Ocorre a generalização do sentimento de marasmo, de apatia, de estagnação.
Assim, vamos vivendo a vida. Desejando pouco, procurando nada. Assimilamos o que os outros nos apresentam sem questionar, sem tentar desvendar o significado das coisas, desde que tal ajude à melhoria, ou pelo menos, à manutenção do nosso "status quo".
Amordaçamos a consciência que em vão nos alerta para os perigos dos valores que se perdem, adormecemos o instinto de discernir o bem e o mal... Entramos na onda do facilitismo, da aparente consternação pela inacção dos outros e assim sucumbimos à "obesidade moral" que invade a nossa comunidade.
Estamos "gordos" de conceitos, de definições, metafisicamente super-nutridos, contudo neste processo perdemos o significado da existência humana... a relação com o seu Criador!
"Quanto mais reflectia, tanto mais cresciam as labaredas da agitação em mim. Até que finalmente, falei e supliquei a Deus: 'Senhor ajuda-me a compreender como é curto o meu tempo sobre a Terra, e como eu sou frágil. Aos teus olhos, a minha vida pode medir-se como que a palmos. O tempo da minha existência é como nada para ti. Na verdade o ser humano, por mais bem estabelecido que esteja na vida, é frágil como um sopro. É como uma sombra. Em vão correm atarefados de um lado para o outro, e amontoam fortunas para serem afinal gastas por outros. Assim, Senhor, em quem posso eu esperar? Tu és a minha única esperança'"
- Salmo de David, Tradução "O livro"
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