2007-06-14

Déficit de exigência

Pela primeira vez estive presente na avaliação final de um "Conselho de Turma". Sem entrar em consideração na postura dos colegas presentes nas várias reuniões, uma característica quase comum veio à superfície: o da benevolência! Mesmo eu, que longe de ser um "mãos largas", quando solicitado a emitir parecer face aos casos mais periclitantes, encontrei-me embuído desse mesmo espírito. Pontualmente, lá ía aparecendo uma voz discordante face à maré displicente de alguns dos docentes, mas (in)justamente marcada tão somente pelos indicadores de comportamento.
Mas então, e a exigência e o rigor? E... o premiar o mérito e penalizar o demérito?
Esta "onda" condescendente é porventura a marca de todo um sistema de ensino, que paulatinamente fenece. Os nossos padrões de exigência estão a diminuir. Ocorre a generalização do sentimento de marasmo, de apatia, de estagnação.
Assim, vamos vivendo a vida. Desejando pouco, procurando nada. Assimilamos o que os outros nos apresentam sem questionar, sem tentar desvendar o significado das coisas, desde que tal ajude à melhoria, ou pelo menos, à manutenção do nosso "status quo".
Amordaçamos a consciência que em vão nos alerta para os perigos dos valores que se perdem, adormecemos o instinto de discernir o bem e o mal... Entramos na onda do facilitismo, da aparente consternação pela inacção dos outros e assim sucumbimos à "obesidade moral" que invade a nossa comunidade.
Estamos "gordos" de conceitos, de definições, metafisicamente super-nutridos, contudo neste processo perdemos o significado da existência humana... a relação com o seu Criador!

"Quanto mais reflectia, tanto mais cresciam as labaredas da agitação em mim. Até que finalmente, falei e supliquei a Deus: 'Senhor ajuda-me a compreender como é curto o meu tempo sobre a Terra, e como eu sou frágil. Aos teus olhos, a minha vida pode medir-se como que a palmos. O tempo da minha existência é como nada para ti. Na verdade o ser humano, por mais bem estabelecido que esteja na vida, é frágil como um sopro. É como uma sombra. Em vão correm atarefados de um lado para o outro, e amontoam fortunas para serem afinal gastas por outros. Assim, Senhor, em quem posso eu esperar? Tu és a minha única esperança'"
- Salmo de David, Tradução "O livro"

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