2007-07-05

Fé em quê?

A tez enegrecida pelas décadas de exposição solar, o lenço desbotado sobre a cabeça, encobria as brancas de uma melena revolta. A magreza que aparentava, salientava os olhos fixos no sacerdote. De quando em quando balbuciava algumas palavras, não totalmente perceptíveis mas certamente como expressão da sua adoração. À medida que a cerimónia litúrgica decorria, os joelhos assentes na lage fria da capela das aparições, não vacilavam. Assim estava esta mulher, numa demonstração extrema de religiosidade e sinceridade. Um misto de sensações assolou-me, desde a comoção inicial ao choque...
A curiosidade que me tinha levado aquele lugar, foi substituída pelo confronto com a realidade da demonstração de uma tão sincera devoção.
Este quadro fez-me pensar na importância da conjugação do culto racional e da expressão da fé. Que valor tem a fé per si? Ainda que imbuída de toda a genuinidade e sinceridade, que poderá ela produzir?
É ela um fim em si mesmo?
Não poucas vezes têm-me dito "o que importa é termos fé". Será mesmo assim?
As palavras do texto bíblico vieram então à minha mente "...olhando para Jesus, autor e consumador da nossa fé...".
Afinal de contas, não será esta a questão que importa aquietar: "fé em quê? fé em quem?"!

1 comentário:

Jorge Oliveira disse...

Fezes há muitas!

Ihihihihhi...