2007-11-12

Gente feliz com lágrimas

"Ao bater das 6, já lavada e vestida sentara-se de novo a chorar no banco da cozinha e assistiu à chegada do papá. Pediu-lhe a benção como sempre o fizera. Papá devolvera-lhe numa voz de sono à qual incorporava o resto de contrariedade e revolta. Ergueu-se mesmo para o abraçar e para lhe pedir perdão. Mas como fazê-lo? Nunca tivera qualquer necessidade de abraçá-lo. A única competência de papá, sempre que lidara mais de perto com o seu olhar, consistira no modo como ele enxotava, ralhava e batia nos filhos. Nunca lhe conhecera nenhuma competência para a ternura ou para um distraído sentimento de perdão."

1 comentário:

Jorge Oliveira disse...

Bonito. Isso é de quem? É sempre bom citarmos as nossas fontes.
Abraço.
DTA.