2007-08-31

Coisas novas

Em 1922 Howard Carter, arquélogo, procurava no vale dos Reis no Egipto, o túmulo de Tutacamon. Após 15 anos, o dinheiro da expedição estava a acabar. Sem nada encontrarem, o ânimo de todos estava de rastos. Até que, quando o desistir era uma realidade que se empunha cada vez com mais força, encontraram uma passagem com 16 degraus. Continuaram a escavar e esses degraus conduziram-nos a uma porta em madeira. Tinham encontrado a entrada para o túmulo. Volvidos 15 anos após o início do seu trabalho, o seu esforço e perseverança eram agora recompensados. Acenderam os archotes e puderam contemplar o seu interior: estátuas grandiosas de pessoas e animais, mobílias, jóias, tronos. À luz ténue dos archotes resplandecia toda a câmara. Por todo o lado cintilava o brilho do ouro puro.
"O que é que vê?" perguntou-lhe o seu assistente. "Vejo coisas novas!" - respondeu. Aparentemente esta resposta não faria muito sentido mas, aquilo que descobriu viria a permitir uma nova abordagem à história da Antiguidade, nomeadamente da civilização egípcia.

O recomeço do trabalho após as férias, o recomeço de um ano, o reinício de algo provoca sempre um novo entusiasmo, uma expectativa elevada, renovada esperança…
Contudo, muitas das "coisas novas" que temos a descobrir já se encontram na nossa posse, apenas a nossa distracção e negligência deixaram que o tempo as soterrasse.
Viver desejando a "última novidade" pode ser frustrante, sobretudo quando não sabemos guardar e valorizar aquilo que já temos.
Mais que uma série de recomeços, gostava de ter uma vida de continuidade evolutiva em que entre o passado e o futuro se pudesse ver no presente do momento, a sombra de um e o esboço do outro.

2007-08-13

Ark - Actions of Random Kindness

Decididamente Hollywood parece não saber lidar com a expressão dos valores cristãos. A exemplo disso é só perder alguns minutos e ler as críticas ao recente filme de Tom Shadyac que agora chega ao nosso país: Evan Todo-o-Poderoso.
Sendo uma comédia ligeira, com alguns 'gags' interessantes, permite de forma descontraída levar o espectador a reflectir sobre a importância dos actos individuais, para a construção de um mundo globalmente melhor. Pegando no relato bíblico de Noé, da arca e do dilúvio, apresenta uma perspectiva diferenciada para o acrónimo ARK - Acts of Random Kindness.
Afinal de contas, a bandeira que tantos levantam da "responsabiildade social" encontra primeira expressão na esfera individual de cada um de nós, ou seja, na nossa própria família e em nós próprios.

Certamente que uma comédia recheada de violência e "falas" sexuadas, à mistura de uma boa selecção de um palavreado onde o "F..." fosse a maiúscula de eleição, traria o reconhecimento e a aceitação. Nada a que já não estejemos acostumados!

Sem dúvida para ver numa tarde de verão em família, quando o sol se nega a convidar-nos na incursão a banhos!

2007-08-11

Sarajevo

Um reporter estava a fazer a cobertura jornalística da guerra em Sarajevo, quando viu uma menina ser alvejada por um atirador. Prontamente largou o que tinha com ele e correu em sua direcção. Quando lá chegou, já se encontrava um outro homem com ela nos braços. Prontamente ajudou-os e levou-os no carro em direcção ao hospital. O homem então gritou "Por favor meu amigo, mais depressa, a minha filha ainda está viva". O jornalista acelerava tanto quanto podia. Novamente gritou: "Por favor, mais depressa, a minha filha ainda respira". Mais adiante, gritou ainda mais alto "Mais depressa, a minha filha ainda está quente". Finalmente disse... "Oh meu Deus, a minha filha está a arrefecer".
Quando finalmente chegaram ao hospital, a menina tinha morrido.

Os dois homens encontravam-se agora no w.c. lavando as mãos e roupa ensanguentada. O homem diz então ao repórter: "Agora, tenho algo ainda mais difícil a fazer. Dizer ao pai desta menina que sua filha morreu. Ele vai ficar de rastos".

O reporter reagiu surpreendido: "Mas... ela não era sua filha?". O homem olhou para ele e respondeu: "Não, mas não são eles todos nossos filhos?"